Quase um século depois de sua morte, a
memória da pequena Nellie Organ é mantida viva por uma página internacional na
Internet, onde também são citados dois livros de edição recente, enquanto que
na Europa ainda circulam páginas devocionais em recordação da "Pequena
Violeta do SSmo. Sacramento", com uma foto da época, em que ela aparece a
com seu vestidinho branco da 1ª. Comunhão, divulgada pela "Maison du Bon
Pasteur" de Paris e impresso na Tipografia Pontifícia no Instituto Pio IX,
de Roma.
Nellie Organ, nasceu em Cork, na Irlanda católica, em 24 de agosto de 1903. Seu
pai, William Organ e sua mãe Mary Aherne Organ se casaram em 4 de julho de 1896
e seu casamento foi logo abençoado com quatro filhos: Tomas, David, Mary e
Ellie, a mais nova. Os nomes sagrados foram as primeiras palavras que Ellie
(Nellie) aprendeu, e à noite a família rezava o rosário. Sua mãe a ensinara a
beijar o crucifixo e as contas maiores, um hábito que Nellie conservou.
Sua mãe morreu de tuberculose, deixando seu pai, que ganhava muito pouco, com
quatro filhos menores de nove anos aos que mal alimentava. Ellie (que era
carinhosamente conhecida como Nellie) mostrava sinais de incapacidade: uma
séria queda quando era um bebê a havia deixado com a cervical encurvada,
afetando sua coluna, o que lhe proporcionava fortes dores e a impedia, segundo ia
crescendo, poder sentar-se direita.
Seu pai, assumindo finalmente que não podia cuidar de seus filhos como era
devido, decidiu deixá-los ao cuidado das instituições. Tomas foi enviado para a
Escola dos Irmãos da Caridade em Upton; David ao convento escola das Irmãs das
Mercês, Passage West; Nellie, junto com sua irmã Mary, foi enviada às Irmãs da
Misericórdia, e ali descobriram que ambas padeciam de tosse ferina por isso
foram trasladadas para o orfanato das Irmãs do Bom Pastor, onde foram recebidas
e cuidadas. Ali a pequena Nellie tinha todo o cuidado, assistida pelas Irmãs e
pela enfermeira, Srta. Hall, que ela começou a chamar carinhosamente de
"mamãe".
As religiosas ficaram logo surpresas com a inteligência precoce da criança e da
extraordinária disposição para as coisas de Deus; um instinto misterioso de
graça a atraia especialmente à SSma. Eucaristia e à Paixão de Jesus. Para
entender esses dons espirituais de Nellie Organ é preciso considerar uma
precocidade extraordinária de Fé, que Deus certamente suscita ao longo do tempo
a algumas de suas criaturas, enviando-as para o mundo quase como um anjo de
passagem, indicando os mistérios do amor e da grandeza de Deus aos seus
contemporâneos, para voltar velozmente ao amor infinito do Pai. E acreditamos
que essa foi a pequena Nellie, que tanta admiração, devoção, causou na Irlanda
e na Europa no início do século XX, tanto assim que cem anos depois de sua
morte prematura, estamos aqui falando sobre isso, considerando-a uma tocha
acesa que ainda ilumina o caminho para a compreensão do dom de Jesus Eucaristia
para a humanidade.
Transportadas em uma cadeira de rodas ou em uma maca, ela permanecia na igreja
como um anjo, com os olhos fixos no Tabernáculo e com as mãos unida. Ela
solicitava a cada instante para ser levada pela Irmã enfermeira para tão perto
do altar quanto possível, especialmente quando era exposto o SSmo. Sacramento.
Naqueles nove meses que passou no Instituto do Bom Pastor, o desejo da
Eucaristia tornou-se mais intenso: ela via as religiosas, as enfermeiras e as
meninas mais velhas receberem a Santa Comunhão durante a celebração da Missa,
enquanto a ela, assim tão pequena, não era concedido. De resto, devemos nos
lembrar que a Primeira Comunhão, antes de 1910, não podia ser dada, a menos que
a criança tivesse pelo menos 12-13 anos e sempre sob o julgamento do padre
sobre a sua preparação e disposição.
A "Pequena Nellie", embora tão doente que não podia ser deixada
sozinha, inventava tudo, com imaginação e um desejo muito mais velho do que
ela, para se aproximar de alguma forma do seu "Santo Deus", e assim
uma manhã, voltando-se para a Srta. Hall, enfermeira, que tinha de assistir à
Missa, disse que assim que ela recebesse a Sagrada Comunhão, que retornasse
imediatamente a ela e lhe desse um beijo, o que para Nellie, assim, tornou-se o
beijo de Jesus.
Sua insistência junto às religiosas para receber a Eucaristia também tornou-se
diária; as religiosas consternadas por não serem capazes de agradá-la,
procuravam explicar a ela que não era possível.
Um dia chegou ao Instituto um padre idoso que foi informado dos pedidos
insistentes da pequena doente, e ele então quis conhecê-la; permaneceu no
orfanato por algumas semanas, visitando-a todos os dias e interrogando-a sobre
seu conhecimento das coisas de Deus e sobretudo do seu desejo da Eucaristia, se
maravilhando pela bondade, inteligência e amor ao "Santo Deus, da pequena
enferma. Ele conversou com a Madre Superiora das Irmãs, dando um parecer
favorável para que Nellie pudesse receber a sua Primeira Comunhão, ele prometeu
para isto falar com o bispo.
O Bispo de Cork ficou muito espantado diante deste caso incomum, mas depois de
uma longa oração na capela, ele escreveu uma carta à Superiora: "Sim! Eu
abençoo a menina cheia de graça com todo o meu coração. Queira rezar por seu
bispo na hora mais feliz de sua vida, que agora está perto", e enviou para
a menina um santinho representando São João Evangelista que ternamente
descansava a cabeça sobre o Coração de Jesus, na Última Ceia.
De acordo com as regras da época, o bispo administrou antes o Sacramento da
Confirmação, em seguida, no dia 6 de dezembro de 1907, primeira sexta-feira do
mês, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, com uma solene celebração na igreja
do Instituto que teve a participação de todas as irmãs e as crianças, Nellie,
transportada em uma cadeira com almofadas, e precedida por sua irmã Maria com
uma vela acesa, se aproximou do altar e finalmente recebeu a Sagrada Comunhão,
o seu "Santo Deus".
Foi indescritível a alegria experimentada pela criança, que uma vez transportada de volta para a cama de seu quarto, recebeu radiante os adultos e as crianças do Instituto que queriam ver a pequenina abençoado, trazendo-lhe pequenos presentes.
Foi indescritível a alegria experimentada pela criança, que uma vez transportada de volta para a cama de seu quarto, recebeu radiante os adultos e as crianças do Instituto que queriam ver a pequenina abençoado, trazendo-lhe pequenos presentes.
Seus últimos dias transcorreram entre a resistência ao sofrimento físico cada
vez mais em ascensão e o desejo diário de receber a Sagrada Comunhão, que ela
recebeu 32 vezes em menos de dois meses.
Toda vez que recebia o Pão dos Anjos, a face de Nellie se transfigurava,
ficando várias horas absorvida em oração e ação de graças, com uma maturidade
muito superior à sua idade, confortando todos aqueles que em torno de si
sofriam, lembrando-lhes a Paixão de Jesus.
Tudo isso acontecer com uma menina de quatro anos e meio parece incrível,
especialmente quando visto com os nossos olhos modernamente racionais, mas é
tudo verdade, e para isso devemos nos curvar à vontade de Deus que opera
milagres através das almas mais simples
Depois de uma longa agonia, também assistida por seu pai e irmã, Nellie Organ
morreu em um domingo, 2 de fevereiro de 1908, Festa da "Candelária"
(Purificação de Maria). Ela foi enterrada no Cemitério de São José, em Cork,
porém um ano depois transladaram seus restos mortais, que encontraram intactos,
para o Cemitério do Convento.
No ano seguinte, os alunos do orfanato tiveram a ideia de fazer uma Novena à
"Pequena Nellie" para pedir-lhe para obter um "sinal" que
inspirasse o Papa São Pio X a dar a todas as crianças do mundo a possibilidade
de receber a Primeira Comunhão. Alguns meses mais tarde, com o decreto
"Quam singulari", o Papa concedeu a primeira comunhão a todos as
crianças que chegaram ao uso da razão. O mesmo Papa, informado sobre a história
da menina irlandesa, em 21 de novembro de 1910, enviou a Bênção Apostólica,
escrevendo de próprio punho "Nellie, ainda menina, foi chamada para o
Céu".
À intercessão da "Violeta da SS. Sacramento" foram atribuídas curas
instantâneas e graças extraordinárias, que propagaram sua fama de pequena
santa.
Adendo:
1) A enfermeira, Srta. Hall, relatou uma atitude extraordinária de Nellie por
ocasião de sua primeira visita à capela durante a Exposição do SSmo.
Sacramento. Naquela manhã, a Srta. Hall levou Nellie para a capela. A menina
nunca antes tinha visto a Sagrada Hóstia exposta no ostensório. Qual não foi a
surpresa da Srta. Hall ao ouvir a criança dizer para ela sussurrando: “Mamãe,
ali está Ele, ali está o Santo Deus!” E com sua pequena mão apontava para
o ostensório; depois disso, ela não tirava seus olhos da Hóstia, enquanto uma
expressão de êxtase transfigurava sua face. Daquele dia em diante, por algum
conhecimento interior, sem nenhum sinal exterior para guiá-la, Nellie sempre
sabia quando havia Exposição no convento.
2) Em 30 de janeiro de 1908, Madre Francisca foi vê-la. Sabendo que a vida da
criança estava no fim, ela fala sobre o que ela sabia que a menina gostava.
“Nellie, quando você foi para o Santo Deus, você vai pedir para Ele me levar?
Eu desejo muito o Paraíso”. A criança olhou para a Madre perscrutando e seus
belíssimos olhos pareciam brilhar com uma luz preternatural. Então ela
respondeu solenemente: “O Santo Deus não pode levá-la, Mamãe, até a Sra. ficar
melhor e fazer o que Ele deseja que a Sra. faça”. Madre Francisca Xavier Hickey
viveu até os 99 anos de idade. Ela faleceu em 1960 no Instituto Bom Pastor de
St. Paul, Minnesota.
3) O Reverendo Dr. Scannell conta-nos como foi a exumação: “Estavam presentes:
um padre (ele próprio, Pe. Scannell), a Enfermeira e duas outras testemunhas de
credibilidade. Para grande espanto de todos, porque temos que ter em mente que
a criança morreu de phthisis (um desgaste do tecido, usualmente a tuberculose
pulmonar), o corpo foi encontrado intacto, exceto por uma pequena cavidade na
mandíbula direita, que corresponde ao osso que foi destruído por caries quando
a pequena ainda estava viva. Os dedos estavam bastante flexíveis e o cabelo
tinha crescido um tanto. O vestido, a guirlanda e o véu da 1ª. Comunhão, com os
quais ela havia sido sepultada, como fora seu desejo, estavam intactos. A
medalha de prata de Filha de Maria estava tão brilhante como se tivesse sido
polida recentemente; tudo, de fato, foi encontrado exatamente como no dia da
morte de Nellie”.
Fontes: www.santiebeati.it;
http://www.mysticsofthechurch.com/2010/03/marie-rose-ferron-american-mystic.html